A análise aponta que há 45% de chances de termos chuvas acima da média, 35% em torno e 20% abaixo
O prognóstico de chuvas no Ceará para o próximo trimestre – março, abril, maio – é positivo, segundo estudo divulgado pela Funceme (Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos), ontem, na sede da instituição. O período, que faz parte da quadra chuvosa (de fevereiro a maio), historicamente, é o mais chuvoso do ano. A perspectiva traz otimismo para o Estado que vive uma seca de seis anos contínuos
A análise do órgão aponta que há 45% de chances de receber chuvas acima da média, 35% em torno normal e 20% abaixo do normal no próximo trimestre. Contudo, a pesquisa ressalta que há desvios percentuais para cima da média na região do Centro-Norte e para baixo da média na região Centro-Sul. Comparado ao mesmo período de 2017, a análise também é animadora. O diagnóstico do ano passado teve uma previsão de 20% de chuvas acima da média, 43% na média e 37% abaixo da normalidade.
O relatório, divulgado nessa quinta-feira é o resultado de uma análise dos campos atmosféricos e oceânicos de grande escala, e dos resultados de modelos numéricos globais e regionais e de modelos estatísticos de diversas instituições de meteorologia do Brasil.
Ainda de acordo com o prognóstico, para ter chuvas na média, no próximo trimestre, o Estado deve registrar precipitações entre 398mm e 566,1mm. A análise tem números similares ao da previsão do primeiro trimestre da quadra chuvosa (fevereiro, março e abril) realizada pela Funceme, em janeiro, que apontou 40% de probabilidade das chuvas dessa época ficarem acima da média histórica do Ceará.
O mesmo estudo revelou ainda que há 35% de chance do período chuvoso ficar dentro da média e 25% de ficar abaixo dela. Entre 2013 e 2016, os prognósticos do órgão para o período foram de chances de chuva abaixo da média.
Em janeiro deste ano, a Funceme registrou 69 mm de chuvas no Estado, o que significa um desvio percentual negativo de 30% em relação ao que é considerado uma quantidade normal, que é 98.7 mm. Entretanto, Meiry Sakamoto, supervisora do núcleo de meteorologia da Funceme, explica que janeiro é um mês de pré-estação, ou seja, a expectativa de chuva era menor que dos meses da chamada estação chuvosa.
Meiry afirma que, em fevereiro, até o momento, foi registrado “um bom período de chuvas”, com cerca 168 mm em todo o Estado – 42% acima da quantidade normal climatológica (118 mm). As regiões litorâneas, Centro-Sul e do Cariri foram as que mais registraram precipitações no mês. “Apesar de fevereiro ainda não ter terminado, a instituição avalia as chuvas que ocorreram durante o mês como as que apresentaram um dos melhores índices dos últimos anos. As anomalias no mês foram acima da média. Porém, alguns municípios do Sertão Central ficaram com chuvas, até o momento, abaixo da média”, frisa.
Segundo a Funceme, a maior chuva registrada neste ano foi em Mauriti (150 mm), no dia 27 de janeiro. A maior precipitação, entretanto, ainda não superou a do ano passado – que ocorreu em Icapuí (223.6 mm), no dia 12 de fevereiro. Ainda segundo a Fundação, março deve ser o mês mais chuvoso de 2018.
Outra duas variáveis foram relembradas por Meire Sakamoto: as mudanças de temperatura no Oceano Pacífico e Oceano Atlântico, que impacta diretamente na Zona de Convergência Intertropical, grande aliado para uma boa temporada de chuvas no Estado.
“O Pacífico influencia diretamente na qualidade das chuvas. Atualmente, o efeito La Niña está estabelecido nele, que é positivo para as chuvas. Já a temperatura no Atlântico impacta na Zona de Convergência Intertropical, que também é favorável para as chuvas no Nordeste, e consequentemente no nosso Estado”, afirma.
Incerto
Ainda que as projeções da Funceme sejam animadoras, o cenário de aporte nos principais açudes do Estado, como Orós e Castanhão, é incerto. Meiry Sakamato admite que ainda não é possível dar grandes garantias desse reabastecimento através das águas da quadra chuvosa.
“Estamos mais otimistas que os anos anteriores. Porém, não dá para garantir nada. Mesmo que não haja uma quantidade de chuva intensa no Centro-Sul e apenas no Centro-Norte, de alguma forma isto pode ser positivo já que ajudaria a não dependermos tanto de açudes como o Castanhão”, aponta.
Já o governador Camilo Santana, em entrevista ao Diário do Nordeste, destaca que está otimista com as chuvas do próximo trimestre. “Ainda é cedo para termos uma análise real. Geralmente, as barragens menores são as primeiras a encherem. Esperamos que isso aconteça, em breve, com as maiores. As perspectivas são boas. Mas ainda não dá para saber concretamente porque ainda estamos no primeiro mês da quadra chuvosa”.