Volume de água economizado na Região Metropolitana de Fortaleza neste ano daria para abastecer a Capital por dois meses
Fortaleza e Região Metropolitana reduziram em 12,7% o consumo de água, em um comparativo das médias de janeiro a novembro de 2014 e 2016. Ao levar em conta o mês de novembro deste ano e a leitura do mesmo mês dois anos atrás, a economia foi de 14,85% — passando de uma média de 13,43 metros cúbicos (m³) mensais por casa para 11,64 m³. Do primeiro mês deste ano até novembro, 18 milhões de m³ deixaram de ser consumidos na RMF, o que equivale ao abastecimento da Capital por dois meses.
Ainda abaixo da meta estipulada, que previa uma redução de 20% no consumo de água, devido aos cinco anos consecutivos de seca que vive o Estado, o balanço foi apresentado ontem em coletiva de imprensa pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece). Conforme Francisco Teixeira, titular da Secretaria dos Recursos Hídricos (SRH), também presente na coletiva, somando a economia residencial à feita pela indústria, ainda no comparativo do ano corrente com 2014, a meta foi batida, chegando ao índice 20,8% de contenção de consumo.
De acordo com o secretário, “os objetivos foram atendidos, embora o consumo na Cagece não tenha chegado diretamente à redução de 20%”. “Mas houve sim a colaboração da população, e a indústria ajudou muito, porque procurou formas alternativas de fonte hídrica e também porque teve a desaceleração da dinâmica econômica”, apontou Teixeira.
Para Neuri Freitas, presidente da Cagece, é “razoável” a contenção que foi alcançada, guiada pela tarifa de contingência implementada ainda em dezembro de 2015, com meta de redução de consumo primeiro de 10% e depois de 20%. “É importante que cada cliente continue fazendo o consumo de forma responsável”, lembrou Neuri, detalhando que 26,41% dos consumidores tiveram as contas sobretaxadas em novembro por não atingirem a meta de consumo.
De janeiro a novembro, foram arrecadados com o pagamento da tarifa R$ 64,4 milhões. O dinheiro está, segundo Neuri, sendo utilizado em obras de eficiência hídrica, como serviços de combate a fraudes e a reutilização da água de lavagem dos filtros da Estação de Tratamento de Água (ETA) Gavião.
Abastecimento em 2017
Neuri Freitas descartou um aumento da meta de contenção para 30%, mas não desconsiderou a possibilidade de adotar “medidas mais drásticas” como a “redução da oferta de água”. Questionado sobre racionamento, o secretário Teixeira afirmou que “já é feito racionamento, vocês (os consumidores) é que não sentem”.
Os dois gestores, contudo, concordaram que é preciso esperar o prognóstico da quadra chuvosa que será divulgado pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) até a segunda semana de janeiro.
Números
12,7% foi a redução do consumo de água na Grande Fortaleza entre 2014 e 2016
18 mi de metros cúbicos de água deixaram de ser consumidos na RMF este ano, até novembro
Saiba mais
Os açudes monitorados no Estado, segundo o Portal Hidrológico, estão com 6,88% da capacidade.
O Castanhão está com 5,16% do volume e o Orós com 15,01% — os dois integram o sistema que abastece Fortaleza.
Conforme Teixeira, se o nível de consumo atual for mantido e o Castanhão continuar fornecendo água para agricultura irrigada, “num ano muito ruim como os últimos, não tendo aporte substancial, teremos condições de chegar em agosto (de 2017)”.
O secretário disse não mais esperar pela transposição de águas do Rio São Francisco, com obras que aguardam abertura de nova licitação e são prometidas para agosto.
O aguardo é pelo repasse federal de R$ 47 milhões que devem ser usados em busca de fontes hídricas para a indústria, uma nova adutora para o Maranguapinho e novo sistema para captação dos metros cúbicos restantes da água do Castanhão.