O cloro existente em produtos sanitários, na concentração de 0,1%, é capaz de impedir o crescimento e eliminar as larvas do mosquito Aedes aegypti, que transmite a dengue, como mostra uma pesquisa da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz(Esalq) da Universidade de São Paulo (USP), em Piracicaba. O estudo revela também que a concentração de cloro testada mantém seu efeito protetor durante dez dias.
O experimento foi realizado a pedido da Associação Brasileira das Indústrias de Álcalis, Cloro e Derivados(Abiclor). “O objetivo inicial era verificar se o cloro utilizado em tratamento de piscinas impedia o desenvolvimento da larva do mosquito da dengue”, diz o professor Octavio Nakano, da Esalq, que coordenou a pesquisa. “Os resultados mostraram que a dosagem também é eficaz para outros pontos com água, como vasos de plantas, por exemplo”.
No Laboratório do Departamento de Entomologia da Esalq, larvas do Aedes aegypti criadas em laboratório foram adicionadas a recipientes com água misturada com cloro em diversas concentrações, simulando as quantidades usadas em tratamento de piscinas. Em contato com a água, as larvas em incubação dão continuidade a seu ciclo de desenvolvimento, dando origem ao mosquito.
Os experimentos demonstraram que uma quantidade de cloro equivalente a 0,1% do volume total da água em que acontece a aplicação (1 mililitro para cada litro de água, por exemplo) é capaz de eliminar as larvas do mosquito da dengue. “O cloro tem ação mortal sobre elas, impedindo que cresçam”, ressalta Nakano.
Efeitos
A pesquisa também constatou que o efeito do cloro se prolonga por dez dias. “Durante esse período, o cloro vai evaporando até seu efeito residual desaparecer por completo”, conta o professor Nakano. “Depois de dez dias, é necessário fazer uma nova aplicação na água”.
De acordo com Nakano, a ação protetora pode ser prolongada por mais tempo, desde que seja utilizada uma quantidade maior de cloro. “Na medida em que a água apresente uma residuidade maior, é possível manter o efeito contra as larvas do mosquito da dengue”.
O professor explica que os resultados dos experimentos também são válidos para produtos que apresentem cloro em sua composição, como por exemplo, água sanitária. “A concentração testada não apresenta efeitos nocivos aos seres humanos, já que é semelhante a empregada no tratamento de piscinas”.
O cloro também pode ser usado para impedir a proliferação do Aedes aegypti em vasos, pois a dosagem diluída na água que as plantas são regadas não prejudica o seu desenvolvimento. Para evitar que as larvas cresçam, também é necessário verificar caixas d’água vazias, garrafas, pneus e todo local que possa haver acúmulo de água, mantendo-os secos.
Mais informações
Professor Octavio Nakano
E-mail: onakano@esalq.usp.br
FONTE
Agência USP de Notícias
Júlio Bernardes – Jornalista
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