DESTAQUE: Fenômeno La Niña fraco no próximo período chuvoso brasileiro.
O oceano Pacífico equatorial vem passando por um lento período de transição. Depois de um forte El Niño no início de 2016, desde maio, a anomalia da temperatura da região central (Niño3.4) tornou-se negativa oscilando em torno de -0,5°C. Por outro lado, a anomalia da temperatura do oceano Pacífico leste (Niño1+2), depois de um breve período negativo na segunda quinzena de abril, vem registrando valores entre 0°C (dentro da média) e +0,5°C. E a lenta transição vem acontecendo por conta da água mais quente que o normal registrada nas áreas tropicais do Pacífico.
Em outras oportunidades, a passagem do El Niño para o La Niña acontecia de forma mais rápida, pois boa parte do oceano, e não somente a parte equatorial, resfriava-se também. Por isso, fica difícil uma comparação da atual situação com anos anteriores, embora seja importante termos em mente que, independentemente da intensidade e configuração do fenômeno La Niña, ele terá como características maior potencial para estiagem no sul e chuva mais persistente no centro e norte do país durante o próximo período úmido.
De acordo com estudo da Universidade de Columbia, publicado em 14 de julho, estamos sob neutralidade climática (transição). O fenômeno La Niña torna-se mais evidente a partir de aproximadamente setembro prosseguindo até pelo menos o trimestre fevereiro-março-abril de 2017. A anomalia de temperatura da região Niño3.4 não muda muito nos próximos meses. Conforme escrito, o desvio está em -0,5°C e deverá permanecer neste patamar até o próximo verão.
Outro estudo, desta vez da NOAA, indica que o resfriamento do Pacífico equatorial continuará diferenciado. Enquanto a região central permanecerá fria, a região do Pacífico leste viverá de oscilações em torno da média. Isto quer dizer que no próximo período chuvoso brasileiro, esperam-se as características climáticas descritas anteriormente, porém com as chamadas variações intrassazonais. O sul, por exemplo, terá maior risco de estiagem no próximo verão, mas nada impede que eventualmente ocorram bloqueios atmosféricos responsáveis por episódios de chuva intensa. Será importante o monitoramento da temperatura do Pacífico leste, equatorial, tropical e subtropical, responsáveis por estas variações.
Normalmente, um Pacífico leste mais quente (frio) favorece (inibe) bloqueios no Sul. E como a distribuição de chuva no Brasil funciona como uma gangorra, períodos secos (chuvosos) no sul normalmente estão associados com chuva mais (menos) intensa no centro e norte do Brasil.
Por fim, uma atualização da NOAA de 07 de julho, indica que em um prazo mais longo, até o inverno de 2017, o oceano Pacífico permanecerá com temperaturas entre a média e abaixo da média. Descarta-se, portanto, o retorno do fenômeno El Niño por pelo menos 12 meses.
Fonte: Somar Meteorologia – Elaboração: 03/08/2016
http://somarmeteorologia.com.br/security/defesa_civil/clima3.php