Das 12 bacias hidrográficas que integram o Ceará, três estão em situação considerada muito crítica (Crateús, Curu e Baixo Jaguaribe). Outras cinco apresentam situação crítica (Coreaú, Litoral, Acaraú, Metropolitana e Banabuiú). O nível médio do volume dos 144 reservatórios monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) está em 27,5%. É o índice mais baixo já registrado nos últimos 10 anos.

A situação mais crítica é na Bacia dos Sertões de Crateús que só acumula 1,84% de volume médio. Para evitar o colapso geral, o governo do Estado está implantando uma adutora a partir do Açude Araras, em Varjota, distante 152km, para transferir água para as cidades de Novas Russas e Crateús. O mesmo ocorre em Tauá, que deverá receber água do Açude Arneiroz II. “As obras estão dentro do cronograma e já acionamos a Coelce para que não ocorra atraso nas ligações elétricas”, frisou o secretário adjunto da Secretaria de Desenvolvimento Agrário, Antonio Amorim.

É possível que o volume médio dos açudes em dezembro chegue a 20% em decorrência da perda por evaporação e consumo, que é mais intenso nesse período do ano. No início de junho passado, o acumulado era de 32%. Após o fim da quadra chuvosa (fevereiro a maio) houve uma redução de 5% na média geral dos reservatórios. O Ceará enfrenta três anos seguidos de seca. 108 açudes estão com volume inferior a 30%.

No fim da estação chuvosa de 2013, o volume médio acumulado no Estado era de 42%. No início deste ano estava em 31,20%. Isso significa que houve uma redução em torno de 11%, ao longo do segundo semestre de 2013. São dados comparativos que servem de projeção para este ano.

No fim da quadra chuvosa deste ano, o nível médio dos açudes era de 32%. Decorridos três meses, o índice caiu para 27,5%. Depois da bacia dos Sertões de Crateús, com apenas 1,84%, a bacia do Curu vem como mais crítica, com apenas 4,1% do total. Em seguida vem a do Baixo Jaguaribe, com 6,3%.

Em comparação com o início deste ano, apenas duas bacias hidrográficas registram maior volume acumulado. São elas: Alto Jaguaribe, que estava com 44% e atualmente tem 48%; e do Salgado, que estava com 22% e hoje acumula 32%. Houve, portanto, recarga favorável nessas duas regiões.

O Estado vivenciou baixo volume acumulado nos açudes em 1992 e 1993, mas naquela época não havia o Açude Castanhão e o reservatório Orós, que era o maior do Estado, chegou a ter volume inferior a 5%. A Cogerh faz monitoramento e simulações periódicas para definir, juntamente com outros órgãos, medidas a serem adotadas, como a implantação de adutoras, transferência de água e controle de liberação de água.

Sob a responsabilidade da Cagece, 19 cidades adotaram medidas de rodízio no abastecimento de água: Apuiarés, Caridade, Pentecoste, São Luís do Curu, Umirim, Tejuçuoca, Quiterianópolis, Novo Oriente, Catunda, Aratuba, Itatira, Crateús, Alcântaras, Mucambo, Mulungu, Palmácia, Trairi, Martinópolis e Jaguaretama. Outras que enfrentam racionamento são: Canindé, Boa Viagem, Caririaçu, Madalena e Quixeramobim, que têm sistemas de abastecimento pertencentes ao Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae).

Em Santana do Cariri, a escassez de água nos reservatórios também ocasiona sofrimento a milhares de famílias que residem na zona rural. Pelo menos 12 mil pessoas estão prejudicadas no município por conta da falta de água.

A situação mais grave é vivenciada pelos moradores do distrito de Mororó. A comunidade está desabastecida a cerca de 30 dias e a única reserva hídrica que os moradores ainda possuem encontra-se nas cisternas existentes em algumas residências.

Na localidade, moradores afirmam que estão há quase um mês sem tomar banho por conta da falta de água. Para o consumo humano, o líquido vem sendo racionado. A agricultora Ana Lauriana Cardoso de Lima, que reside na comunidade, avalia a situação como preocupante, observando, no entanto, que os problemas aumentarão quando as cisternas secarem.

“Eu e meus filhos não estamos mais nem tomando banho porque, da pouca água que ainda resta, temos que racionar. Os cacimbões e os pequenos açudes que ficam próximos aqui de casa já estão completamente secos. Até para escovar os dentes pela manhã falta água”, afirma.

Insuficiente

O agricultor Francisco Ferreira da Silva reclama que o número de carros-pipa que abastecem as comunidades da zona rural do município é insuficiente. “Não tem mais de onde tirar água para beber. Estamos vivendo uma crise e toda a zona rural está em colapso, as nossas cisternas secaram e os carros não resolvem a situação”, disse.

O secretário de Agricultura do município, Joaquim Major, diz que a situação em diversas comunidades é caótica. O município possui oito rotas atendidas pela Operação Pipa. O número de rotas, no entanto, é insuficiente para atender à demanda.

Na reunião de ontem do Comitê da Seca, o secretário adjunto da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA) informou preocupação com o desperdício de água pelos moradores. “A Cagece está com um programa de sensibilização para os moradores economizarem água, já houve um avanço neste ano, mas essa campanha deve ser permanente e para todos nós usuários”, frisou.

Honório Barbosa/Antônio Carlos Alves
Repórter/Colaborador

http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/regional/acudes-estao-em-nivel-critico-com-reduzido-volume-de-agua-1.1096536

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